08 dezembro 2008

Entre e fique a vontade

Os posts abaixo foram escritos há algum tempo e só agora tive tempo (ou talvez coragem...) de postá-los. Estava com saudade de escrever. A você, que apareceu por aqui, entre, leia e sinta-se a vontade (copiando livremente o slogan de tempos atrás da Iódice, quando anunciava incessantemente na MTV).

Danni foi pra minha coleção

Fui em outubro assistir o show da Danni Carlos, gratuito, no Shopping Metrô Tatuapé, em São Paulo. Cheguei lá não esperando muita coisa, já que conhecia apenas os CDs que ela gravou com sucessos de fora, de Madonna a U2. Ao subir no palco, com seu cabelo loiro tingido, Danni mandou bem durante todo o show. Uma boa voz, uma banda afinada, um carisma raro nos dias de hoje (coisa para poucos e espertos artistas). Mandou muito bem. Músicas de seu novo CD, que concorre a alguns Grammy, músicas dos outos, clássicos do cancioneiro pop atual. Um show de quase duas horas. Muita gente assistindo, de velhinhas a fãs. Tinha de tudo, inclusive eu. Gostei, sai de lá fã da moça, que em determinado momento desceu do palco e foi cantar no meio do povo que estava na beira do palco, com direito a posar do lado de um cara para tirar foto no celular dele – tudo com o microfone na mão. Ganhei mais uma cantora para minha coleção.

Chega de vontade

Há alguns meses, eu e minha namorada tentamos, durante quase uma hora, ligar na central da Ticketmaster para comprar ingressos para o show que Roberto Carlos e Caetano Veloso fizeram no Auditório do Ibirapuera com músicas da Bossa Nova. Óbvio que, assim como milhares de outras pessoas, fiquei só na vontade e a única coisa que recebi foi o tom de ocupado do telefone.

Fiquei duplamente chateado. Primeiro porque nunca tinha visto Roberto e Caetano em um show (apenas Roberto em um Criança Esperança, da Globo, mas sentei tão longe do palco que apenas vi uma mancha...). Segundo que a oportunidade de vê-los juntos, ainda mais cantando músicas da Bossa Nova, era algo como dar de cara com a Av. dos Bandeirantes, em Sampa, livre, numa sexta-feira chuvosa. Algo, no mínimo, raro.

Pois foi numa destas reviravoltas do destino que a dupla foi contratada pela Fiat para o evento de lançamento do Linea e eu acabei indo no evento.

Tudo impecável, superprodução, muita organização . E eu ali, inquieto, esperando e contando segundos para ver os dois grandes mestres no palco. Na minha modesta opinião, Caetano e Roberto são dois ícones de nossa música, de nossa cultura. Se somos o que somos hoje, esta potência cultural mundial que tanto dizem (e eu acredito que somos), devemos alguns dos créditos a estes dois.

Nada mais , nada menos que Nelson Mota fez a apresentação do show. E entraram os dois, cantando Garota do Ipanema. Confesso: segurei-me para não chorar. Depois, diversos clássicos, encerrando com Chega de Saudade, que ganhou bis logo depois. Que maravilha! Aquela cena me arrepiou. Roberto com o seu indefectível terno azul. Caetano na sua paz baiana de sempre. As vozes, maravilhosas! Suaves! Como na minha imaginação... E eu embasbacado, brigando com minha câmera, babando nos dois na primeira fila (sim, eu dei muita sorte e fiquei de cara pro gol!).

Foi um show perfeito, com direito até mesmo a presença do filho de Tom Jobim, grande homenageado da noite. Sem exageros, um dos melhores momentos da minha vida.

Bolhas únicas

Semanas atrás estava escutando o Pânico, pela Jovem Pan. Estava lá, sendo entrevistada, a Denise Fraga falando sobre sua peça de teatro em cartaz em São Paulo. O papo foi muito além disso e chegou a um tom reflexivo, quase inexistente em programas por aí, seja rádio ou TV. Denise começou a falar sobre a problemática de vivermos em um mundo extremamente individual, onde as pessoas com seus I-Pods ficam reclusas a si próprias, sem querer interagir com outros seres, sejam eles humanos ou não. Contou que há alguns que chegam ao teatro para ver sua peça com fone no ouvido.... detalhe: acompanhados!

Outro dia, conversando com um dos executivos principais da empresa onde trabalho também esbarramos neste assunto. Ele contava sobre sua viagem de negócios à Índia, um país extremamente diferente do nosso, em diversos sentidos, melhores e piores. Um deles era o de que as pessoas por lá (e talvez em outros países do Oriente) conservem esta coisa do coletivo, do pensar no outro, da continuação da energia. Talvez por isso estes países estejam crescendo tanto, se desenvolvendo de tal forma que atropelam as nações individualistas como as do lado de cá.

Juntei Denise com o executivo e cheguei à conclusão de que, realmente, um dos maiores males do nosso mundinho é querermos que o mundinho seja só nosso. Não que deva haver um socialismo ou coisa que o valha, mas pelo menos o se importar com o outro já basta, pensando na continuidade e consequências de seus atos. Não dá para ignorar o outro, seja para o bem ou para o mal.

Não podemos nos fechar em bolhas, individuais e egoístas. Até porque isso é impossível! Somos uma só coisa, tudo matéria interligada. Budismo e física quântica que o digam!

Doe-se quando achar que é preciso e suma quando tb for necessário tomar um ar. Ofereça-se, exponha-se, importe-se, mude, feche-se. Mas interaja, sempre. Isolar-se é apenas um auto-engano, não estamos sozinhos.