08 dezembro 2008
Danni foi pra minha coleção
Chega de vontade
Fiquei duplamente chateado. Primeiro porque nunca tinha visto Roberto e Caetano em um show (apenas Roberto em um Criança Esperança, da Globo, mas sentei tão longe do palco que apenas vi uma mancha...). Segundo que a oportunidade de vê-los juntos, ainda mais cantando músicas da Bossa Nova, era algo como dar de cara com a Av. dos Bandeirantes, em Sampa, livre, numa sexta-feira chuvosa. Algo, no mínimo, raro.
Pois foi numa destas reviravoltas do destino que a dupla foi contratada pela Fiat para o evento de lançamento do Linea e eu acabei indo no evento.
Tudo impecável, superprodução, muita organização . E eu ali, inquieto, esperando e contando segundos para ver os dois grandes mestres no palco. Na minha modesta opinião, Caetano e Roberto são dois ícones de nossa música, de nossa cultura. Se somos o que somos hoje, esta potência cultural mundial que tanto dizem (e eu acredito que somos), devemos alguns dos créditos a estes dois.
Nada mais , nada menos que Nelson Mota fez a apresentação do show. E entraram os dois, cantando Garota do Ipanema. Confesso: segurei-me para não chorar. Depois, diversos clássicos, encerrando com Chega de Saudade, que ganhou bis logo depois. Que maravilha! Aquela cena me arrepiou. Roberto com o seu indefectível terno azul. Caetano na sua paz baiana de sempre. As vozes, maravilhosas! Suaves! Como na minha imaginação... E eu embasbacado, brigando com minha câmera, babando nos dois na primeira fila (sim, eu dei muita sorte e fiquei de cara pro gol!).
Foi um show perfeito, com direito até mesmo a presença do filho de Tom Jobim, grande homenageado da noite. Sem exageros, um dos melhores momentos da minha vida.
Bolhas únicas
Semanas atrás estava escutando o Pânico, pela Jovem Pan. Estava lá, sendo entrevistada, a Denise Fraga falando sobre sua peça de teatro em cartaz em São Paulo. O papo foi muito além disso e chegou a um tom reflexivo, quase inexistente em programas por aí, seja rádio ou TV. Denise começou a falar sobre a problemática de vivermos em um mundo extremamente individual, onde as pessoas com seus I-Pods ficam reclusas a si próprias, sem querer interagir com outros seres, sejam eles humanos ou não. Contou que há alguns que chegam ao teatro para ver sua peça com fone no ouvido.... detalhe: acompanhados!
Outro dia, conversando com um dos executivos principais da empresa onde trabalho também esbarramos neste assunto. Ele contava sobre sua viagem de negócios à Índia, um país extremamente diferente do nosso, em diversos sentidos, melhores e piores. Um deles era o de que as pessoas por lá (e talvez em outros países do Oriente) conservem esta coisa do coletivo, do pensar no outro, da continuação da energia. Talvez por isso estes países estejam crescendo tanto, se desenvolvendo de tal forma que atropelam as nações individualistas como as do lado de cá.
Juntei Denise com o executivo e cheguei à conclusão de que, realmente, um dos maiores males do nosso mundinho é querermos que o mundinho seja só nosso. Não que deva haver um socialismo ou coisa que o valha, mas pelo menos o se importar com o outro já basta, pensando na continuidade e consequências de seus atos. Não dá para ignorar o outro, seja para o bem ou para o mal.
Não podemos nos fechar em bolhas, individuais e egoístas. Até porque isso é impossível! Somos uma só coisa, tudo matéria interligada. Budismo e física quântica que o digam!
Doe-se quando achar que é preciso e suma quando tb for necessário tomar um ar. Ofereça-se, exponha-se, importe-se, mude, feche-se. Mas interaja, sempre. Isolar-se é apenas um auto-engano, não estamos sozinhos.