09 maio 2007

Três rapidinhas

Três notinhas rápidas (bem rápidas), mas que eu prometo esticar depois:

- Saiu "Pequena Miss Sunshine" em DVD. Quem não viu no cinema, agora não tem mais desculpas;
- A exposição sobre a Clarice Linspector no Museu da Língua Portuguesa já está a pleno vapor;
- Nas próximas semanas, o valor do ingresso da exposição "Corpo Humano", em cartaz na OCA, subirá para R$ 40,00. Quem não foi ainda, deve correr antes que aumente - vale muito a pena. Aproveite e veja a exposição sobre o Da Vinci, no subsolo.

E por hoje é só, pessoal.

Maldita conexão!

As atualizações rarearam nos últimos dias mas eu explico o porquê: minha conexão em casa não ajudou muito e o site não carregava de jeito nenhum. Isso porque eu tenho tanto para contar... Consegui hj por um milagre me plugar! Vou atualizar com posts mais antigos, que já estavam prontos, e volto em breve para falar sobre coisas novas (e nem tão novas assim, afinal, já se passou um mês).

I’m back (enquanto a linha não cair...).

Um passeio pisca-pisca pela língua portuguesa

Tá bom: podem brigar comigo! Há alguns dias que eu não passo por aqui, mas não é desculpa: o tempo anda meio escasso (e a conexão discada aqui de casa muitas vezes não ajuda...). E olha que eu tenho tanta coisa para contar... Para começar, vou falar sobre a Páscoa. Digamos que ela foi um tanto quanto cultural. Além de visitar o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca no sábado, assisti quatro filmes: o "oscarizado" Os Infiltrados, a comédia A Pantera Cor-de-Rosa, o confuso Camisa de Força e o mais confuso ainda Vanila Sky. Mas, prometo que volto em breve para falar sobre estes filmes e a Pinacoteca. Hoje eu vou me deter na minha visita ao Museu da Língua Portuguesa.

Já tinha prometido um passeio por lá desde que ele tinha sido inaugurado. Consegui ir somente agora, um ano depois. E confesso que gostei da experiência. A imagem que eu sempre tive da Estação da Luz, em São Paulo, era suja, mal iluminada, entupida de gente que precisava se espremer para conseguir um lugar no vagão do trem (já freqüentei várias vezes aquele lugar). Mas, tomei um susto ao ver que, dentro daquela estação restaurada e, por que não?, linda, encontra-se um museu maravilhoso, lotado de gente. Isso mesmo: lotado! Se pensamos que no Brasil as pessoas não gostam de cultura, estamos enganados. Cheguei a conclusão de que o que nos falta é opção de diversão.

Uma rápida explicação sobre o museu: ele fica ao lado da Estação da Luz, em São Paulo. Três andares, além do térreo. O primeiro é onde ficam as exposições temporárias. Acabaram de desmontar uma sobre Grande Sertão Veredas, do Guimarães Rosa (que seguiu para o Rio de Janeiro) e, em breve, lançarão uma nova sobre Clarice Linspector. A movimentação de pessoas por ali era enorme! No segundo andar é possível dividir-se entre dois painéis: um gigante, de 106 metros de comprimento, onde ficam passando vídeos sobre a língua e suas expressões e outro sobre a história do português. Também existem algumas estações espalhadas, onde se pode interagir com touch screen e alto-falantes (não consegui me sentar em nenhuma desta estações – tudo lotado!). No fundo deste pavimento, há um lugar onde você junta sílabas, formando palavras. Pode parecer meio bobo, mas não é, já que se trata de uma tela onde as palavras ficam flutuando e, ao formar a palavra, ela se transforma numa TV e exibe um vídeo. Show! Confesso que fiquei lá pelo menos uns 10 minutos, brincando de formar palavras...

No último andar fica um auditório, onde é exibido um filme sobre a língua portuguesa com narração da Fernanda Montenegro. Depois se passa a um outro espaço (não vou contar como para não estragar a surpresa) e uma enxurrada de poemas e textos é derramada. Dos mais diversos autores. Um dos que mais me chamou atenção foi um trecho do livro Memória de Emília, do Monteiro Lobato, que eu ralei para achar na internet, mas achei. Vejam:

"A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem para de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais.

[...] A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos; por fim pisca pela última vez e morre.

- E depois que morre? - perguntou o Visconde.

- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"

É, Emília, é.

O círculo foi bonito, mas não cheio

Sim, eu fui! Estive lá, junto com mais 62 mil pessoas, vendo o Aerosmith em São Paulo, no último dia 12. E, olha, que show! Foi o meu primeiro em estádio. Que estréia a minha! Lembrava de ter assistido, quando era criança, uma apresentação da banda durante o Hollywood Rock em 1994 (tinha 12 anos de idade), mas a imagem do Steven Tyler fazendo caras e bocas no palco não me saia da cabeça. A partir daí, virei fã dos caras. Brinco dizendo que o Aerosmith foi a primeira banda de rock que eu gostei na minha vida - e uma das poucas que me impressionam até hoje.

Após três horas de um trânsito infernal até o estádio (a zona sul de São Paulo estava PARADA), conseguimos estacionar o carro a uns 20 minutos da entrada por volta das 21h20, quando os caras do Velvet Revolver já estavam no palco. Aqui cabe uma historinha: comecei a andar devagar, pois estava cansado e, sinceramente, não tinha ido lá para ver o Velvet. Quando disse isso em voz alta, duas meninas que desciam a rua na minha frente viraram-se para mim e gritaram: "PORRA, MAS É O SLAAAASH!". Fiquei, junto com meus amigos, meio sem entender a revolta, mas tinha enfrentado toda aquela via sacra para ver o Aerosmith. Sorry, Slaaaaash.

Sobre o show do Velvet, não conhecia quase nada, só os covers que eles tocaram do Guns'n'Roses. E confesso que fiquei com "It’s so easy" na cabeça, inclusive no final do show, quando sai cantarolando a música.

Sobre o Aerosmith, o show começou com uma grande projeção de imagens nos telões do estádio. A produção não era nada nababesca, mas o telão que existia no fundo do palco era maravilhoso – salvo alguns paus que deram durante a apresentação e deixaram algumas partes da tela apagada. Sobre o set list, muitas coisas bacanas como "Dream On", "Cryin", "Livin on the edge". Senti falta de algumas das minhas músicas preferidas, como "Crazy" e "Full circle", mas tudo bem. Foram quase duas horas de músicas, sob uma noite simplestmente perfeita: a chuva que caiu um pouco antes do espetáculo simplesmente sumiu, deixando um céu estrelado em cima do estádio. Tudo coroando a banda, que há tantos anos não punha os pés aqui no Brasil.

Muitas vezes, achei que se eu tivesse tapado os ouvidos, a impressão era de ver um show dos Rolling Stones. A performance de Steven Tyler era quase como a do Mick Jagger no palco. Pulava, cantava, fazia suas caras e bocas (agora ao vivo), segurando o microfone com os indefectíveis lenços amarrados no "suporte" (será que a Simone copiou isso dele?), tudo acompanhado de perto pelo Joe Perry, que mandou muito bem na guitarra, com direito a uma ceninha, quando ele se jogou em cima da bateria num momento de êxtase extremo.

Uma imagem que não sai da minha cabeça é quando todo mundo cantou junto o single "I don’t want to miss a thing", tema do filme "Armagedon". Todo mundo gritando ao mesmo tempo, fazendo, por vezes, até mesmo a voz do Steven sumir no meio daquele monte de gente, desenfreadamente apaixonada. Uma sensação muito louca, mas muito boa.

Enfim, tudo perfeito e lindo, mais um sonho realizado... até que descobrimos na saída do estádio que o carro da minha amiga tinha sido arrombado por assaltantes. Sorte que não levaram nada. Mas foi bom para nos trazer de volta a realidade, que não é tão linda e perfeita assim como um show do Aerosmith.