20 setembro 2011

Não pague nada e leve três

Sabe aquelas promoções “pague um e leve dois”? Pois é, no meu caso foi “não pague nada e leve três”! Isso mesmo. E como valeu a pena.

Ganhei um bilhete de trem que poderia ser usado diversas vezes, sem limite de viagens, durante todo um fim de semana, em viagens de trens pela Lombardia, região da Italia onde fica Milão. A tal promoção foi feita pela Trenord, empresa que administra os trens da região.

Bilhete na mão, fizemos uma pesquisa pelas cidades aqui perto que gostaríamos de conhecer. E, dentre tantas opções, ficamos com duas: Pavia e Bérgamo. Ué, mas eu não falei que tinha levado três na tal promoção? Calma, já explico.
No sábado, pegamos o trem bem cedo aqui em Milão e fomos para Pavia. O trem não era lá grandes coisas, todo pichado e sem ar condicionado. Depois de 40 minutos, desembarcamos em Pavia, uma cidade bem simpática. Como quase toda cidade italiana, tem castelo, rio, igrejas, ruas medievais com lojinhas. Não muito grande, não muito pequena. Em quatro horas, giramos ela inteira. Muitos pernilongos e pássaros. Aliás, quando comentei com algumas pessoas que iria até Pavia, as recomendações sempre giravam em torno de muito Autan. Não estavam errados: mal chegamos por ali, tivemos que achar um mercadinho (um bom e velho Carrefour) e comprar citronela.
No nosso circuito pela cidade, passamos por algumas igrejas. A mais bela, a de São Pedro, que foi a primeira que visitamos, guarda o corpo de Santo Agostinho. Chegamos ali no meio de uma missa e ficamos esperando terminar para chegar próximo ao altar. As missas aqui geralmente nunca estão lotadas. Primeiro porque o número de igrejas, em qualquer cidade, é sempre enorme e também porque a quantidade de missas é igualmente gigante.

De lá, fomos caminhando até o parque e o castelo. Bonitos e imponentes, estavam sendo sobrevoados por uma quantidade surpreendente de pássaros, o que rendeu um espetáculo a parte. De la, passeamos pelo centro da cidade, até chegar ao rio que corta Pavia e forma o parque Ticino, que engloba uma região gigantesca do norte da Itália até a Suíça.
No rio, uma descoberta interessante foi a Ponte Coperto.  E um cachorrinho simpático, enorme, que estava passeando com sua dona, elegantemente vestida. Ambos se embrenharam no mato ao redor do rio.

No domingo, fomos para Bérgamo, cidade que abriga um dos aeroportos que servem Milão. A cidade é dividida em duas partes: Bérgamo baixa e Bérgamo alta – entendeu porque levamos três? As duas Bérgamos são bem diferentes: a baixa, que se abre logo quando se chega com o trem, é mais moderna, com ruas e avenidas largas, prédios e comércio novos. A alta, que se alcança com uma espécie de trem-bondinho, que sobe morro acima, chamado funicolare, é toda medieval, circundada por um muro que a protegia.
Lá em cima, ficamos vagando pela cidade. Obviamente, algumas praças e igrejas. E, como sempre, entramos para visitar a principal igreja da cidade bem no meio de uma missa – esta impressionantemente cheia. A igreja era enorme e linda. Detalhe que um dos poderosos da cidade, séculos atrás, mandou derrubar uma parte da igreja para construir, em sua homenagem, uma capela, onde seu corpo descansa em paz até hoje. A tal capela destoa totalmente do resto, mas é interessante.

Depois de passear pelas ruinhas da parte alta, comer um pé de moleque tradicional daqui feito com amêndoas (e quebrado na mão pela vendedora...), pegamos outro funicolare e subimos um pouquinho mais para o topo do morro. De la , uma vista magnífica da região, além de um vento ótimo que refrescava um pouco o calor – deveríamos estar, no mínimo, com 30 graus na cabeça durante todo o dia.
La em cima, paramos para comer ao lado de uma imensa família que fez um piquenique ao nosso lado, no melhor estilo “fiz tudo em casa e trouxe na mochila” – estilo, ao qual, invariavelmente adotamos nas nossas viagens. Economiza tempo e dinheiro.

De lá, voltamos a pé até a estação de trem, uma caminhada de quase uma hora, mas que fizemos de boa, afinal, pra baixo todo santo ajuda...
Foi um fim de semana ótimo, não muito cansativo, mas de muitas descobertas. A Itália é boa por isso, tem uma rede ferroviária interessante que te leva para todos os cantos possíveis. E com pouco investimento se conhece verdadeiras jóias. Pavia e Bergamos (sim, no plural!) são duas delas.

Ah, e ganhamos outro destes tíquetes gratuitos. Nosso programa incluiu Mantova, Cremona e Arona, de onde conhecemos o Lago Maggiore. Mais uma edição da promoção “não pague nada e leve três”. Detalhes, em breve, neste mesmo canal.