06 outubro 2011

In the Sky

Em cinco dias, uma overdose de filmes. Da açao vertiginosa Salt ao cabeça A serious man, passando pelo impactante Under Dog. Meu investimento no pacote de filmes da Sky foi um dos melhores que fiz nos ultimos meses. Em apenas cinco dias, uma maratona de filmes que me fez perguntar: por que eu fiquei tanto tempo assim longe do cinema? O que aconteceu comigo?

Sempre vi muitos filmes, sempre fui um fa inveterado de cinema. E nos ultimos meses acabei me afastando um pouco desta arte que tanto mexe comigo. Obviamente porque os ultimos meses foram extremamente tumultuados. Retomar esta relaçao estreita com o cinema me deixou feliz.

Sabe a sensaçao de reencontrar um amigo que voce nao ve ha muito tempo? Estou me sentindo assim. Passei minha vida assistindo filmes, indo ao cinema. Alias, ir ao cinema sempre foi, de longe, um dos meus passatempos preferidos. Desde assistir grandes blockbusters, como Titanic ou Jurassic Park (sim, eu vi Jurassic Park, os tres, no cinema!), até mesmo filmes mais alternativos, como um italiano que nao consigo me lembrar o nome que fui conferir no Espaço Unibanco da Augusta, uma sala minuscula que cabiam, no maximo, 20 pessoas.
Vi filmes em cinemas modernos e também em historicos – nada, nunca, superara assistir "Cazuza" em um cinema de Ouro Preto, em Minas Gerais, um antigo teatro com uma acustica ruim, mas que tinha uma aura de coisa antiga, tradicional. Imagine quanta coisa aqueles palcos ja presenciaram...
Aqui na Italia, os filmes no cinema tem intervalos. Param no meio, como nos grandes musicais no teatro. Isso para o pessoal ir no banheiro, comer alguma coisa. Alias, cinema aqui è diversao cara. Ingressos a 8 euros. Mais ou menos o que se paga no Brasil, se voce nao consegue qualquer tipo de desconto – saudades da sessao das 15h do Cinemark, onde voce assiste grandes produçoes por apenas R$ 4,00.
A paixao pelos filmes me tornou também em um frequentador assiduo de videolocadoras. Da pequena, mas muito bem servida, locadora do bairro, a mega (e agora decadente) Blockbuster, que me facilitava muito a vida com os horarios de abertura e fechamento, sempre ficava babando e indeciso com todos os lançamentos.
Ja fiz loucuras de alugar 10 filmes para ver num unico fim de semana. Quando era pequeno, gostava de ver o mesmo filmes duas vezes, pois assim conseguia gravar melhor a historia na minha cabeça- Alias, quando era menor, o que mais eu gostava era de assistir os filmes da Turma da Monica, em fitas VHS. E, logico, todos os desenhos e filmes da Disney.  Alguns filmes eu gostava tanto que assistia dezenas de vezes até decorar as falas, como Olha Quem Esta Falando (dias atras, num ataque saudosista, comprei o DVD).
Crescendo, fui descobrindo o poder de um bom suspense e de um filme de terror. Um dos meus preferidos até hoje è O Exorcista, pesado, forte e assustador. Dai fui descobrindo os diretores. Almodovar, Tarantino, Allen, Spielberg, Van Sant, Kubrick, os irmaos Coen… Cada um com seu estilo, cada um com seu ponto de vista e forma de contar historias. Destes, Tarantino è o meu preferido, principalmente por sua pegada pop. Suas trilhas sonoras sempre sao otimas – as de Pulp Fiction e Kill Bill sao impagaveis.
Hoje, gosto e vejo de tudo. Dos dramalhoes que te fazem sofrer junto aos personagens, como o forte A Casa dos Espiritos (que reune duas das atrizes que mais gosto, Meryl Streep e Winona Rider) e Pequena Miss Sunshine (com a sempre otima Toni Collette) , aos instigantes, como a Origem (sera que peao caiu ou nao?), até os musicais, como Chicago e Mamma Mia!, que te deixam cantarolando por dias…
Nao tenho esta frescura de somente gostar dos filmes ditos alternativos, com cenas de 10 minutos sem uma açao ou nenhuma fala. Nao critico Hollywood, mesmo com a tao discutida crise de criatividade dos ultimos tempos. Assim como musica e outros tipos de arte, tem espaço para todo mundo, tudo tem seu publico e seu valor. E, segundo a minha modesta opiniao, se emocionou, esta valendo.
Filmes de guerra, agua com açucar, documentarios, personagens de historia em quadrinhos, suspense, infantis… Tudo passa pela minha frente. Tudo eu vejo. E impressionante como a grande maioria mexe comigo. E dai, pensando nisso, eu volto a me perguntar: como eu fui ficar tanto tempo longe deste universo que me comove tanto? Que conversa tao abertamente comigo? Que me ajuda a entender o mundo e que, de alguma forma, ajuda a me moldar?
Fico feliz de ter reencontrado esta velha paixao, de ter redescoberto algo que me faz bem. Um filme sempre é bom. Te faz sofrer, torcer, chorar, rir… Mexe com suas emoçoes e te chacoalha. Faz pensar, ou simplesmente te faz relaxar. Arte é isso, é despertar emoçao. E eu realmente me deixo emocionar pelos filmes que vejo.
Estou reapaixonado pelo cinema. Um amor totalmente correspondido.