29 novembro 2006

Meia volta, volver




Volver, em espanhol, quer dizer voltar. E nada melhor do que este título para nomear o mais novo filme de Almodóvar. "Volver" é simpático, forte e surpreendente. Talvez por isso tenha ganho o prêmio de melhor roteiro e atriz – dividido entre o elenco feminino – no Festival de Cannes 2006.

Com uma história aparentemente absurda, Almodóvar mostra as consequências de uma falha de comunicação enorme entre mãe e filha. Com toques de vermelho – como sempre! - e a presença maravilhosa de Penélope Cruz no elenco, o filme emociona ao falar das idas e vindas da vida. Para mim, comunicador por natureza, a mensagem que fica é que não custa perguntar se a pessoa entendeu ou não alguma coisa. Se ficarmos no acho ou não acho, os problemas podem ser enormes! E nunca é tarde demais para tentar desfazer um mal entendido. Vide a lição de Almodóvar.

Vale assistir: "Volver", de Pedro Almodóvar. Em cartaz em diversos cinemas de São Paulo.

28 novembro 2006

Eu, na Broadway


Minha primeira vez na Broadway. Tá bom, tá bom: não era propriamente a Broadway, de Nova York. Foi aqui mesmo, em São Paulo, mas tenho certeza de que o que eu vi no palco do Citibank Hall (antigo Directv Music Hall, ex-Palace) é sim um pouco do que se vê nos palcos norte-americanos.

Fui assistir a versão brasileira do musical Sweet Charity, com a Claudia Raia. O que é aquela mulher? Dança, canta, pula, atua... Sem arfar! Ah, mas va! Como assim? E eu ali, bobo e extasiado, com aquele monte de coreografias deliciosas, além das músicas e dos cenários, que diga-se passagem, são magníficos – destaque para a cena onde há a festa dos ricos.

A única parte ruim eram as cadeiras do lugar... Que dor nas costas! Afinal, a peça toda tem quase 3 horas de duração, com um intervalo de 15 minutos entre os dois atos. Fora os garçons que insistiam em ir e vir a todo instante... É o típico programa dois em um: você assiste uma ótima peça e tem que ficar dançando na cadeira, para desviar do povo que fica na sua frente.

Sobre a história, fiquei com dó da Charity. Prostituta inocente, acredita em tudo e todos e sonha com um príncipe encantado. Nem vou ser nenhum estraga prazer se eu disser que ela vai se ferrar muito durante a peça, né?! A participação do Marcelo Médici é divertida. Ah, e se você for assistir, não esqueça de pegar o programa, distribuído logo na entrada. Conta toda a história e tem uma foto espetacular da Claudia na capa – a mesma utilizada nas divulgações e neste post.

A peça é inspirada no filme de Federico Fellini, "Noites de Cabíria", com coreografias de Bob Folse – mestre dos musicais da Broadway.

Vale assistir: "Sweet Charity", com Claudia Raia. Em cartaz até 17 de dezembro no Citibank Hall, em São Paulo

26 novembro 2006

Em cartaz: Noturno

Fui ver uma peça de teatro singular na semana passada: “Noturno”. No começo, confesso que fiquei um pouco receoso de assistir, já que era do Osvaldo Montenegro. Digo isso pois não conhecia muita coisa dele e, aquilo que eu conhecia, não me atraia muito (reparem no verbo conhecer no pretérito imperfeito). Topei o programa pois fui convidado por um amigo, Carlo Pace, que também é um dos atores na peça. Pensei: “no máximo dos máximos, vou ver um amigo encenando e cair fora no final da peça, com um sorriso amarelo e dizeres de – ah, achei bacana”. Mas que nada!

A peça fala sobre a vida noturna de São Paulo. Seus medos, demônios, agruras e descobertas. Sendo um musical, contava com uma – ótima – banda. Falando da noite, o escuro era praticamente o personagem principal. Tudo era baseado no escuro, imerso no mais completo breu dentro daquele teatro. Logo no início, com uma música forte e pesada, você já descobre que tudo aquilo que você vai assistir na próxima hora não é normal... Brincando com a luz e com o próprio espaço físico do teatro, os atores – dezenas!- movimentam-se, as vezes pendurados, as vezes em esquetes divertidíssimos! Os destaques ali são muitos: meu amigo Carlo numa cena hilariante e dramática no trânsito paulistano, um ator especial que faz você rever diversos conceitos sobre sua vida, uma menina tocando violão enquanto outra brinca com um marionete... E o escuro e os feixes de luz a todo instante! A miscelânea de emoções é grande: susto, alegria, tristeza, medo, agonia...

Não vou falar mais muita coisa, para não perder a graça daquilo que presenciei, mas garanto que mudei meu modo de pensar. Desculpe, Osvaldo, revi meus conceitos...

Vale assistir: Segunda e Terça-feira, às 21h00, só até dia 28 de novembro de 2006. Teatro Dias Gomes, na Vila Mariana, em São Paulo

Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é meu lugar...

Nossa, quanto tempo! Recebi algumas reclamações nas últimas semanas sobre a não atualização do blog e resolvi voltar ao batente. Além disso, tenho vivido uma vida culturalmente agitada e me sinto na obrigação de compartilhar com vocês tudo o que tenho visto, ouvido e sentido (sim, arte a gente sente também!). Por isso, a partir de hoje, vou sempre comentar por aqui os últimos filmes que vi, os cds que ouvi, os shows que assisti. Tudo! E prometo que todo dia terá coisa nova. Diante dos meus "acho" e "não acho", vocês tomam a atitude de também acharem ou não. Leiam, influenciem-se e critiquem! Muita coisa vem por aí...