09 maio 2007

O círculo foi bonito, mas não cheio

Sim, eu fui! Estive lá, junto com mais 62 mil pessoas, vendo o Aerosmith em São Paulo, no último dia 12. E, olha, que show! Foi o meu primeiro em estádio. Que estréia a minha! Lembrava de ter assistido, quando era criança, uma apresentação da banda durante o Hollywood Rock em 1994 (tinha 12 anos de idade), mas a imagem do Steven Tyler fazendo caras e bocas no palco não me saia da cabeça. A partir daí, virei fã dos caras. Brinco dizendo que o Aerosmith foi a primeira banda de rock que eu gostei na minha vida - e uma das poucas que me impressionam até hoje.

Após três horas de um trânsito infernal até o estádio (a zona sul de São Paulo estava PARADA), conseguimos estacionar o carro a uns 20 minutos da entrada por volta das 21h20, quando os caras do Velvet Revolver já estavam no palco. Aqui cabe uma historinha: comecei a andar devagar, pois estava cansado e, sinceramente, não tinha ido lá para ver o Velvet. Quando disse isso em voz alta, duas meninas que desciam a rua na minha frente viraram-se para mim e gritaram: "PORRA, MAS É O SLAAAASH!". Fiquei, junto com meus amigos, meio sem entender a revolta, mas tinha enfrentado toda aquela via sacra para ver o Aerosmith. Sorry, Slaaaaash.

Sobre o show do Velvet, não conhecia quase nada, só os covers que eles tocaram do Guns'n'Roses. E confesso que fiquei com "It’s so easy" na cabeça, inclusive no final do show, quando sai cantarolando a música.

Sobre o Aerosmith, o show começou com uma grande projeção de imagens nos telões do estádio. A produção não era nada nababesca, mas o telão que existia no fundo do palco era maravilhoso – salvo alguns paus que deram durante a apresentação e deixaram algumas partes da tela apagada. Sobre o set list, muitas coisas bacanas como "Dream On", "Cryin", "Livin on the edge". Senti falta de algumas das minhas músicas preferidas, como "Crazy" e "Full circle", mas tudo bem. Foram quase duas horas de músicas, sob uma noite simplestmente perfeita: a chuva que caiu um pouco antes do espetáculo simplesmente sumiu, deixando um céu estrelado em cima do estádio. Tudo coroando a banda, que há tantos anos não punha os pés aqui no Brasil.

Muitas vezes, achei que se eu tivesse tapado os ouvidos, a impressão era de ver um show dos Rolling Stones. A performance de Steven Tyler era quase como a do Mick Jagger no palco. Pulava, cantava, fazia suas caras e bocas (agora ao vivo), segurando o microfone com os indefectíveis lenços amarrados no "suporte" (será que a Simone copiou isso dele?), tudo acompanhado de perto pelo Joe Perry, que mandou muito bem na guitarra, com direito a uma ceninha, quando ele se jogou em cima da bateria num momento de êxtase extremo.

Uma imagem que não sai da minha cabeça é quando todo mundo cantou junto o single "I don’t want to miss a thing", tema do filme "Armagedon". Todo mundo gritando ao mesmo tempo, fazendo, por vezes, até mesmo a voz do Steven sumir no meio daquele monte de gente, desenfreadamente apaixonada. Uma sensação muito louca, mas muito boa.

Enfim, tudo perfeito e lindo, mais um sonho realizado... até que descobrimos na saída do estádio que o carro da minha amiga tinha sido arrombado por assaltantes. Sorte que não levaram nada. Mas foi bom para nos trazer de volta a realidade, que não é tão linda e perfeita assim como um show do Aerosmith.