01 outubro 2008

Perplexidade

Assisti há alguns dias Ensaio sobre a Cegueira no cinema, filme do Fernando Meirelles baseado na obra de José Saramago. Não sei dizer, ainda, se gostei ou não do filme. Sai do cinema perplexo, chocado, como se tivesse tomado uma porrada na cara. E que porrada! Acho que não ficava assim desde que assisti Crash.

Pra quem ainda não sabe, Ensaio fala sobre uma epidemia de cegueira que começa a dar nas pessoas de uma grande megalópole não identificada. Aos poucos, a “doença” se espalha, sem respeitar classes sociais, profissões ou qualquer outro rótulo social.

Numa atitude desesperada, o governo do país resolve exilar os doentes em um hospital, abandonando-os. Dentre todos os infectados, uma mulher enxerga – Juliane Moore, em um papel extremamente emocionante.

Das brigas entre os integrantes das alas dos prédios, a história mostra até onde o ser humano é capaz de descer. Como não deve ser surpresa, boa parte do filme é uma viagem ao inferno, com situações extremas e que mostram o ser humano realmente como um bicho – que realmente somos. Daí, talvez, a perplexidade: a tão aclamada civilização está em uma corda bamba, pronta para cair, dependendo apenas de um empurrão. Saramago , com sua cegueira, deu apenas um assopro. E ela se estatelou no chão...